Deputados questionarão exploração na Flona

Iara Bernardi (PT) tem marcada reunião na próxima terça-feira e Jefferson Campos (PSD) prepara requerimento

A permissão dada pelo governo federal à Vale Fertilizantes e à Holcim Brasil para explorarem apatita e calcário na área da Floresta Nacional de Ipanema (Flona de Ipanema) será tema de reunião na Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Na próxima terça-feira, a deputada federal Iara Bernardi (PT) participa de encontro com o diretor da pasta, Sérgio Brant Rocha para tratar sobre o assunto. O deputado federal Jefferson Campos (PSD) prepara requerimento para ser enviado ao Ministério de Minas e Energia e ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), pedindo informações sobre as outorgas e sobre os estudos de impactos ambientais que podem ser causados por atividades extrativistas na área da Flona, que fica entre as cidades de Iperó, Araçoiaba da Serra e Capela do Alto. A zona de amortecimento da Flona abrange outros municípios e faz parte da unidade de conservação.

Na reunião com Brant Rocha a deputada Iara apresentará a ele a série de reportagens "O Futuro da Flona", publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul entre domingo e quarta-feira. Ela lembra que as concessões de exploração foram dadas na década de 40, antes da área ser declarada como uma unidade de conservação nacional. A Flona de Ipanema existe desde 1992 e por ser uma Floresta Nacional comporta o uso sustentável de seus recursos naturais. "Depois de transformada em Flona, dentro da legislação, não cabe esse tipo de atividade, essa exploração não é sustentável de maneira alguma", rebate Iara. A parlamentar lembra dos impactos causados pela atuação da Holcim Cimentos no local. "O que sobrou lá foi um buraco, uma pedreira que virou um lago porque encheu de água. Eu, pessoalmente, sou contra a atividade de mineradoras lá dentro", diz.

Entre os anos de 2000 e 2001 audiências públicas foram feitas na região para debater a presença de mineradoras na unidade de conservação. O movimento de resistência da sociedade às atividades de exploração dos recursos naturais da Flona, afirmou a deputada, foi o maior responsável pela paralisação das atividades de mineração na Floresta. "Antes funcionava ali um centro de engenharia agrícola e cabia a exploração. Mas desde quando foi declarada como Floresta Nacional não cabe mais esse tipo de atividade, de maneira alguma", comenta a parlamentar. Segundo ela, os outros temas trazidos pela série "O Futuro da Flona", também serão apresentados para o diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação. O ICMBio é uma autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).

 Pedidos de esclarecimentos

Depois da publicação da série sobre o futuro da Flona, o deputado federal Jefferson Campos (PSD) prepara requerimento para ser enviado ao Ministério de Minas e Energia e ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), questionando a situação das concessões de exploração dadas às mineradoras e pedindo que os impactos da mineração na área da Flona de Ipanema sejam reavaliados. "As concessões foram dadas há muitos anos e continuam tendo validade. Precisamos saber se o impacto ambiental avaliado naquela época continua inalterado", argumenta o deputado.

Campos avalia que o interesse dessas informações são de toda a sociedade. Foi por meio da série de matérias que Campos ficou sabendo das dificuldades financeiras enfrentadas tanto pela administração da unidade de conservação como pela Academia da Biodiversidade (Acadebio). Campos diz ter recebido com estranhamento a informação sobre a existência de um estande de tiro a céu aberto dentro da Flona. "Acredito que a estrutura esteja dentro dos parâmetros legais mas penso em fazer alguns questionamentos sobre isso também", adiantou o parlamentar. A série "O Futuro da Flona" foi publicada durante quatro dias levando ao leitor informações sobre a Floresta Nacional de Ipanema e sua zona de amortecimento.

Jornal Cruzeiro do Sul